Thursday, January 27, 2022

Controlo interno

dez22

Onovo regulamento da Administração do Ciberespaço da China, que vai responsabilizar os utilizadores da internet de carregarem no 'gosto' em informações consideradas negativas, entrou esta quinta-feira em vigor.
O organismo regulador promulgou uma nova versão do regulamento no final de novembro, declarando que os 'gosto' são equivalentes a um comentário e, por isso, os autores são igualmente responsáveis perante as plataformas e as autoridades.

https://www.dn.pt/internacional/china-responsabiliza-cliques-no-gosto-em-informacao-considerada-negativa-na-internet-15489449.html

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Para conter a revolta contra a rigorosa estratégia Covid Zero do governo de Pequim, que visa erradicar a pandemia, a polícia chinesa está rastreando os celulares dos manifestantes. Depois de terem participado de protestos em diversas cidades do país, muitos afirmam terem recebido a visita ou telefonemas de agentes de segurança.

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/12/03/china-governo-rastreia-celulares-para-perseguir-manifestantes-contra-covid-zero.ghtml

nov22

Usuários da internet na China em breve serão responsabilizados por curtir postagens consideradas ilegais ou prejudiciais, provocando temores de que a segunda maior economia do mundo planeje controlar as mídias sociais como nunca antes.

A China está intensificando sua regulamentação do ciberespaço à medida que as autoridades intensificam sua repressão à dissidência online em meio à crescente raiva da população contra as rigorosas restrições da Covid-19 no país.

As novas regras entram em vigor a partir de 15 de dezembro, como parte de um novo conjunto de diretrizes publicado pela Administração do Ciberespaço da China (CAC) no início deste mês. O CAC opera sob a Comissão Central de Assuntos do Ciberespaço, presidida pelo líder Xi Jinping.
https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/china-vai-punir-quem-curtir-posts-nas-redes-sobre-protestos-contra-politica-covid-zero/

agot22

Mas enquanto a versão internacional ambientada na década de 1970 em São Francisco conta a história de como o ignóbil Gru ganhou experiência como um criminoso adolescente, os espectadores na China são tratados com um final alternativo onde a polícia vence.

Uma série de imagens com legendas nos créditos assegura ao público que a polícia deteve o mentor de Gru, Wild Knuckles, e prendeu-o durante 20 anos após um assalto fracassado.

No resto do mundo, os espectadores simplesmente veem Knuckles a escapar à polícia, forjando a sua morte no início das cenas finais do filme, mas a versão da China dá um uso positivo na prisão aos seus talentos como vigarista, descobrindo a sua "paixão pela representação" e criando uma companhia de teatro.

https://mag.sapo.pt/cinema/atualidade-cinema/artigos/respeito-pela-lei-censura-na-china-muda-final-de-minimos-2-ascensao-de-gru



abr22
China censura vídeo sobre confinamento em Xangai e revolta utilizadores. Depois de o vídeo ter sido censurado, os utilizadores recorreram às redes sociais e começaram a partilhar várias músicas com letras de contestação, entre as quais, "Another Brick In The Wall", do grupo Pink Floyd. https://www.tsf.pt/mundo/china-censura-video-sobre-confinamento-em-xangai-e-revolta-utilizadores-14794648.html

jan22

Os cinéfilos chineses que conhecem a versão original do filme realizado em 1999 por David Fincher, com Edward Norton e Brad Pitt nos principais papéis, mostraram a sua indignação pela alteração da mensagem do filme que se estreou na China numa versão censurada na plataforma de streaming Tencent Video. Use as ferramentas de partilha que encontra na página de artigo.Mas nesta versão agora mostrada na China, as cenas das explosões foram cortadas e aparece um fundo negro com uma mensagem em língua inglesa onde se lê: “A polícia rapidamente descobriu todo o plano e prendeu todos os criminosos, evitando com sucesso a explosão da bomba. Depois do julgamento, Tyler foi mandado para um asilo para lunáticos e recebeu tratamento psiquiátrico. Teve alta do hospital em 2012.”

https://www.publico.pt/2022/01/25/culturaipsilon/noticia/final-alternativo-clube-combate-indigna-espectadores-china-1993086

China restabelece final do filme 'Clube da luta' após indignação com edição. Segundo o jornal South China Morning Post, 11 dos 12 minutos que haviam sido retirados do filme foram reestabelecidos. As cenas que seguem cortadas são as que envolvem nudez. https://g1.globo.com/pop-arte/cinema/noticia/2022/02/07/china-restabelece-final-do-filme-clube-da-luta-apos-indignacao-com-edicao.ghtml



Tuesday, January 4, 2022

Confúcio e XJ

 Jan22

rande parte da arquitetura social e política da China se sustentou sobre os pilares do confucionismo. Mas, se para jovens como Wang tornou-se normal homenagear o filósofo, como fizeram os imperadores da China por séculos, é porque há um movimento de reabilitação de Confúcio, iniciado há alguns anos e intensificado sob o governo atual, do presidente Xi Jinping. O pensamento do filósofo agora é parte do discurso oficial, assumindo a fusão de ideologias que de certa forma sempre caracterizou o sistema político implantado pelo Partido Comunista da China (PCC). O resultado dessa alquimia é um Estado “leninista confucionista” na definição do influente sinólogo americano Lucian Pye, marcado pela tensão entre o revolucionário e o conservador, o passado e o futuro, uma versão do materialismo dialético de Karl Marx com características chinesas.

A volta à cena não foi livre de percalços. Em 2011, uma estátua de oito metros de Confúcio foi inaugurada na Praça da Paz Celestial, o coração de Pequim. A homenagem gerou controvérsia: de um lado, críticos do filósofo que ainda o consideram um símbolo do reacionarismo burguês; de outro, membros da família Kong, que não gostaram de ver a imagem de seu antepassado a poucos metros do túmulo de Mao. A estátua acabou sendo removida para um canto pouco visível do Museu Nacional da China. Em 2019, foi transferida para uma ala de personagens influentes da história. Sob o governo de Xi, a reabilitação que havia sido iniciada por seus antecessores tem ficado cada vez mais explícita.

O que antes era politicamente incorreto agora é politicamente conveniente. Considerado um dos mais respeitados sinólogos em atividade, David Shambaugh começou a visitar a China nos anos 1980. Ele vê uma semelhança entre as antigas dinastias e o centralismo do atual governo, tanto que em seu mais recente livro com perfis dos líderes chineses desde 1949 (“From Mao to Now”), Xi é chamado de “imperador moderno”. Mas a intensa promoção de Confúcio que o presidente lidera é algo que ainda o deixa intrigado.

— Xi vê a China como uma longa civilização. Ele não quer dissociar o passado do presente, ao contrário de Mao, para quem o passado da China era exatamente o problema do presente. Xi quer continuidade com o passado histórico. O confucionismo é um atalho para isso — diz Shambaugh, professor da Universidade George Washington.

Em novembro de 2013, menos de um ano após assumir a liderança do PCC, Xi repetiu a tradição imperial e fez uma visita a Qufu, onde exaltou a importância dos ensinamentos de Confúcio. Em seguida, o líder chinês emendou participações em vários outros eventos ligados ao filósofo, incluindo um no Grande Salão do Povo, o principal local de cerimônias nacionais. Foi um sinal claro de que o PCC queria mostrar ao mundo que Confúcio está de volta, observa Jiang Yi-Huah, ex-primeiro-ministro de Taiwan e um especialista em confucionismo político.

Xi chegou a dizer que os comunistas chineses sempre foram “herdeiros e defensores” da filosofia de Confúcio. “Mao Tsé-tung não acreditaria em seus ouvidos se estivesse vivo para ouvir o discurso de Xi”, comenta Jiang em um artigo. A conclusão é de que Mao mantém sua importância no panteão comunista, mas Confúcio é valioso para o PCC como forma de legitimar seu poder, diz Li Chenyang, professor de filosofia chinesa da Universidade Tecnológica Nanyang, em Cingapura.

— O governo usa o confucionismo para se legitimar. Não tem a ver com o bem e o mal. Política é poder. Os filósofos antigos como Confúcio estavam preocupados com a virtude humana e com uma sociedade harmoniosa, não pensavam no poder político. Há um conflito entre o que é correto moralmente e o poder político. Algo bom pode sair dessa reabilitação de Confúcio, mas em última instância não se pode confiar nos políticos. O objetivo deles é manter o poder.

https://oglobo.globo.com/mundo/com-xi-jinping-confucio-volta-com-tudo-para-legitimar-poder-comunista-25336451